I: Monstros e Musas

— As primeiras semanas de um projeto de álbum de piano

Em "A Jornada do Artista", de Steven Pressfield, conhecemos a visão poética do autor sobre o processo de criação artística; um canal entre diferentes estados de consciência . Essa percepção sensorial superior é descrita por Pressfield como a "obra da Musa", alegoria à "Odisseia", clássico da literatura grega de Homero. A Musa é descrita como a "filha de Zeus" ou "Poesia Dividida". Um arquétipo místico de beleza, inspiração e criação.

De acordo com o modelo da psique humana de Carl Jung, "arquétipos" são forças do inconsciente coletivo que afetam e estruturam nossa percepção individual do eu/identidade.

Em O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, do escocês Robert Luis Stevenson, encontramos o conceito de duas forças opostas em uma só: um médico e um monstro. O médico, um intelectual capaz de curar , e um monstro, uma fera inclinada a destruir . Extremos coexistindo dentro do mesmo corpo, ou mente?

Durante os primeiros dias de dedicação a um álbum de piano como parte do trabalho de conclusão do meu curso de Música, mergulhei em um mar profundo de musas e monstros. Uma montanha-russa de inspirações de beleza e medos devastadores. Uma sensação avassaladora de ter algo (muito) poderoso em minhas mãos, a meu favor e contra mim. Ao mesmo tempo.

Comecei minha graduação em música ainda lidando com um diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior (TDM) e seus sintomas; ainda colidindo com vozes ferozes dentro da minha cabeça gritando em meus ouvidos. Na maioria dos dias, sentindo-me em uma batalha comigo, contra mim , e me resgatando.

Sem dúvida, entendi que meu primeiro grande desafio neste projeto é me domar em sua singularidade e complexidade. Entre Musas e Monstros, Amor e Raiva. Um trabalho árduo a ser superado.